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sábado, 18 de setembro de 2010

O resultado inafastável da conciliação de classe: Sargento Regina expõe as vísceras da democracia burguesa


Na noite do dia 03 de setembro de 2010 foram divulgados - anonimamente - diversos vídeos que pareciam ser de reuniões de assessoria, onde a vereadora (e candidata a Deputada Estadual) pelo PDT, Sargento Regina, expõe todas as vísceras da democracia burguesa.

Em um dos vídeos (que foram editados, provavelmente para não mostrar as vozes dos outros participantes da reunião), Regina diz que ir para uma disputa eleitoral para a Assembléia Estadual sem "visualizar 700 mil reais de gastos, é inviável". Regina diz ainda que ninguém vai trabalhar de graça para elegê-la e que as "lideranças" precisam ser compradas, pelo menos pelo preço da estrutura necessária à campanha. Segundo ela, "um quer mil", outro "mil e quinhentos" e assim sucessivamente.

Em outra passagem, Regina mostra profundo desacordo político com José Agripino Maia (senador do RN conhecido pelo seu histórico de políticas em favor dos interesses dos empresários, latifundiários e marcado por um dos maiores escâdalos de compra de votos da história do estado: o Escândalo "Rabo de Palha"), afirmando não ter "nenhuma ressonância" com a sua política e que precisa apenas do seu dinheiro.

Regina faz ainda diversas alusões à Câmara dos Vereadores de Natal e escancara todo o jogo político de troca de favores, afirmando que todos eles têm direito a cargos na Prefeitura. Regina denuncia ainda diversos vereadores, dentre eles Raniere Barbosa (ex-secretário do atual candidato a governador pelo PDT, Carlos Eduardo) e George Câmara (candidato a Deputado Estadual pelo PCdoB). O primeiro, teria ficado "milionário" depois de supostamente ter roubado "o que quis e o que não quis" e o segundo, de ter sido financiado pelo "império" do Sindicato dos Petroleiros do RN.

Independentemente de Regina participar ou não do esquema a que ela mesma fez alusão, o importante desse fato é que dele retiramos duas lições importantíssimas, ambas já confirmadas pela história e defendidas pelo PSTU.


O poder econômico determina o resultado das eleições

Vivemos em uma aparente democracia, mas na verdade, é uma democracia burguesa, para os ricos. Para os trabalhadores e para os pobres, o regime é de ditadura, na medida em que a desigualdade econômica e a divisão de classes na sociedade são os elementos fundamentais que não permitem a todos exercer a tão falada "cidadania".

Embora todos possam votar e ainda que o voto do burguês tenha o mesmo valor do voto do trabalhador, as eleições são processos profundamente anti-democráticos, pois suas regras não são determinadas pelos trabalhadores, mas por quem detém o poder.

O tempo dos programas eleitorais é dividido para privilegiar quem já está no poder, a participação restrita nos debates é restrita aos partidos que têm represetação no parlamento, os grandes meios de comunicação só dão cobertura às candidaturas que eles querem eleger, enfim, todos os mecanismos que ajudam a determinar em quem as pessoas vão votar são todos controladas pela classe dominante. Para não haver nenhum risco de que algo saia do "script", temos ainda o poder econômico, que é o que garante as condições dos candidatos se tornarem conhecidos nos mais longínquos rincões e ainda, comprar o apoio dos cabos eleitorais e o voto da população miserável.

Por isso, o que vimos no vídeo de Regina disse sobre a ânsia por dinheiro para vencer as eleições, é a mais pura verdade. Nas eleições, é o poder econômico quem decide e é por isso que as eleições não podem mudar a vida, na medida em que quem possui o dinheiro para ser gasto nesse processo não são os trabalhadores, e sim, a burguesia.


"Quem paga a banda, escolhe a música": A independência de classe como princípio

Ao passo que para vencer as eleições no atual regime é preciso de muito dinheiro, uma polêmica central se estabelece: quem pode financiar as campanhas que pretendem ser vitoriosas?

A resposta está na própria divisão de classes que existe na sociedade. Os empresários, os banqueiros, os latifundiários, enfim, a burguesia, são aqueles que possuem as fábricas, os bancos, as terras, as empresas e os meios de produção. Os trabalhadores possuem apenas a sua força de trabalho, que é comprada pela burguesia por um valor muito inferior ao que realmente é produzido. Por isso que os patrões enriquecem e os assalariados trabalham a vida inteira, mas a riqueza que acumulam só dá para sua sobrevivência. Dessa forma, quem possui capital excedente para investir maciçamente em campanhas eleitorais não são os trabalhadores, mas a burguesia.

Se nesta sociedade só quem pode financiar as campanhas vitoriosas é a burguesia, entra em debate uma questão muito importante, mas infelizmente esquecida por parte significativa dos setores ditos de esquerda: a independência de classe.

No capitalismo não existe solidariedade. A burguesia investe nas candidaturas que ela considera viáveis, mas não porque é solidária a um projeto político, e sim, porque faz um investimento. A fatura da conta é sempre cobrada depois que os candidatos são eleitos, seja na forma de distribuição de cargos, licitações, contratações e até desvio de recursos públicos.

Foi esse o caminho que seguiu o PT, antes o maior partido de esquerda da América Latina e hoje um partido sem qualquer limite de classe, que se aliou aos capitalistas, aos banqueiros e justamente por isso, governa para eles. É por esse motivo que nenhuma das três candidaturas (nem Dilma, nem Serra, nem Marina) se colocou, por exemplo, a favor do plebiscito pelo limite da terra no Brasil. Eles simplesmente não podem se comprometer com isso, pois já se comprometeram política e financeiramente com os donos dos latifúndios.

Esse destino do PT é o mesmo de tantos outros, e agora também de Regina, que se vê obrigada, mesmo expressando ter desacordo político, em estar ao lado de um dos representantes da burguesia potiguar. Regina disse não concordar em nada com Agripino, mas se vê obrigada a estar com ele (e conseqüentemente com sua política), por um simples motivo: precisa do seu dinheiro para se eleger.


Reconhecer-se enquanto classe nas eleições e nas lutas: vote e lute com o PSTU

A desigualdade dessa sociedade só vai mudar quando os trabalhadores se reconhecerem enquanto classe, apoiando-se apenas nas suas próprias forças. As vezes que a classe trabalhadora procurou o atalho de se unir com a burguesia, o resultado foi desastroso: não se conseguiu resolver os problemas que historicamente afligem os trabalhadores e milhões de consciências que acreditavam nos líderes, nas organizações e nos partidos da nossa classe se destruíram, se desiludiram.

É por esse motivo que nós do PSTU sempre fizemos, estamos fazendo e continuaremos fazendo campanhas extremamente modestas nas eleições, pois nos negamos a receber qualquer tipo de ajuda dos patrões e da burguesia. É esse princípio que norteia o nosso principal bordão, elogiado por uns e odiado por outros: "Contra burguês!". Nossas campanhas são financiadas pelos militantes e pelos trabalhadores que apóiam a causa do socialismo e, humildemente, colaboram conosco com uma fração do pouco que recebem.

Participamos das eleições porque temos clareza de que é possível garantir o mínimo de condições dignas de vida (educação, saúde, salário, emprego, terra, etc.) se a escala de prioridades que hoje é seguida pelos governos for invertida, mas, sobretudo, porque queremos dialogar com a classe trabalhadora e mostrar que as eleições não resolverão seus problemas e que somente a sua luta pode transformar essa sociedade.

FONTE: http://juary-chagas.blogspot.com/2010/09/o-resultado-inafastavel-da-conciliacao.html

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