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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Carta ao Movimento Estudantil Brasileiro - 2010: Ano de desafios, ano de unidade!

Carta ao Movimento Estudantil Brasileiro


Frente aos desafios de mais um ano que se inicia a Assembléia Nacional dos Estudantes – Livre se declara ao conjunto de ativistas, entidades e organizações estudantis do Brasil, no sentido de iniciar um debate que possa armar a mais ampla unidade na luta e socializar seu entendimento sobre as principais tarefas para o movimento estudantil.

Durante o ano passado, desde o anúncio de indicadores recessivos em nível global e da quebra de importantes bancos que sustentavam o sistema financeiro mundial, o debate e a disputa ideológica em torno à saída da crise se instalaram como a marca do cenário político do último ano. Frente às demissões na Vale e na EMBRAER e a entrada no Brasil na crise, o movimento estudantil combativo assumiu como tarefa, desde uma perspectiva classista, mobilizar os estudantes contra todos os ataques que pudessem transferir a conta da crise à educação pública, aos jovens e aos trabalhadores.

Recém saída das ocupações de reitoria, que devolveram a visibilidade e ânimo de luta ao movimento estudantil, uma ampla camada de ativistas se fez presente nas ruas, Universidades e escolas bradando "que os ricos paguem pela crise!".

Naquele momento, vimos se impor no mundo uma verdadeira sangria dos cofres públicos, em favor de bancos e empresas ameaçadas pelas quedas na taxa de lucro. Tendo Obama a sua frente, o imperialismo impôs em toda parte uma agenda clara de salvamento de seus lucros, enquanto restava aos povos de todos os países o aumento do desemprego, a precarização dos serviços e a retirada de direitos.

Em nosso país, Lula assumiu a missão dada pelo imperialismo sem qualquer mediação. Isentou a indústria de impostos e concedeu verdadeiras doações via BNDES, ao passo que não ofereceu qualquer garantia à estabilidade no emprego. Como conseqüência da queda na arrecadação, não poupou a saúde e a educação de cortes no orçamento.

Ao se abrir o ano de 2010, vivemos um período de recuperação parcial na economia, que encerra um primeiro capítulo na disputa em torno à crise. Em nível mundial, a economia toma um fôlego, com uma recomposição de indicadores de crescimento que, contudo, não recuperam as perdas e não voltam aos patamares anteriores à crise. Á ação organizada dos estudantes importa, portanto, compreender os reflexos dessa recuperação parcial da economia na disputa da consciência e, ao mesmo tempo, ter a clareza de que estamos falando de um momento transitório, no qual nos cabe preparar o acúmulo de forças para as próximas batalhas em defesa de nossos direitos.

Por entender o caráter efêmero dos efeitos da intervenção dos Estados perante a magnitude da crise econômica, a ANEL interpreta como uma farsa ideológica a campanha corrente, que anuncia o fim da crise e prevê anos dourados pela frente. Apoiado na recuperação parcial internacional, o governo Lula têm tido êxito até aqui em consolidar a idéia de que o Brasil superou a crise e vai muito bem. Tendo CUT e UNE como fiéis aliados, Lula pôde bloquear uma ação mais generalizada do movimento de massas e, assim, capitalizar o momento e se fortalecer.

Cabe considerar, ainda, que conforme se aproximam as próximas eleições presidenciais, já se antecipam elementos da polarização entre os dois blocos que durante os últimos anos governaram o país com o mesmo programa neoliberal, cada um apenas o adequando a seu perfil.

Se tivermos a clareza de que Dilma e Serra representam, portanto, uma falsa polarização, seria equivocado não compreender que, mediante a ausência de fortes lutas, tende a primar na consciência o debate em torno às duas principais opções eleitorais.

Apontamos para um ano no movimento estudantil em que a disputa paciente pela consciência será uma tarefa estratégica para seus setores combativos. Assim, acreditamos que poderemos acumular forças no sentido potencializar um novo momento de lutas que se abra no país, na medida em que, desde já, saibamos nos unir em torno a ações que estejam de acordo com o nível de consciência atual.

No presente momento, no movimento sindical e popular está se dando um processo que para a ANEL é um exemplo importantíssimo de unidade dos setores combativos, no marco da atual conjuntura. A fusão da CONLUTAS e Intersindical, a ser sacramentada no Congresso da Classe Trabalhadora (CONCLAT), é uma experiência que nos mostra o caminho da unidade com respeito às diferenças, pautada na busca da convergência entre os setores socialistas comprometidos com tal iniciativa. Com a nova organização que está para surgir, estamos seguros que a classe trabalhadora acumula forças para o combate cotidiano e no sentido mais estratégico de sua emancipação. Por isso, a ANEL se jogará com todas as suas forças para que esse processo transborde sobre o movimento estudantil e seja uma referência para unir toda a esquerda combativa que atua nas escolas e Universidades do nosso país. Dessa forma, queremos contar com todos os setores de oposição de esquerda da UNE na construção desse importante congresso nas bases de escolas e Universidades.

É nessa perspectiva que a ANEL lança um grande chamado à unidade de todos os setores que atuam no movimento estudantil comprometidos com a luta da classe trabalhadora e independentes de governos e patrões. Nosso empenho é o de construir uma intensa unidade na base, com a construção de comitês, chapas de unidade, oposições unificadas, campanhas nacionais e todo tipo de iniciativa que some forças na batalha em defesa da educação pública e dos direitos da juventude.

E como primeira iniciativa, convidamos todos esses setores a se somarem à campanha que estamos realizando em solidariedade ao povo do Haiti. A mobilização em torno a essa tarefa deve ter um claro recorte de classe, rechaçando o discurso hegemônico que busca confundir a necessidade de ajuda ao Haiti com o envio de mais tropas e o aprofundamento da militarização do país. Junto ao empenho na arrecadação de fundos, cabe a todos nós a missão de denunciar a hipocrisia de governos de todo mundo que gastaram fortunas com o salvamento de bancos que fazem sua "ajuda" agora parecerem esmolas. Assim, poderemos questionar o papel das tropas brasileiras enviadas por Lula, que em cinco anos de ocupação não ofereceram qualquer melhoria significativa que pudesse dar condições ao Haiti de minimizar os efeitos da catástrofe natural.

O ano começa e está lançado o desafio. Com unidade na base das escolas e Universidades de todo o país, trilharemos o caminho de mais um ano de muito combate.

Aos estudantes, mãos à obra! Contem com a ANEL!

Plenária Nacional da ANEL


Forum Social Mundial Temático


Salvador, 30 de janeiro de 2010


Fonte: http://anelivre.blogspot.com/

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